As organizações na última década vêm ampliando sua visão para as questões referentes à sua posição quanto ao papel fomentador do desenvolvimento. Coincidentemente no início do mês, comecei a ler um plano de aula e lá versava a temática “ o papel das organizações no desenvolvimento social” e pensei de imediato – quanta responsabilidade para as empresas carregar sobre seus ombros. No segundo momento ampliei a visão de organização e percebi que ela engloba além de empresas privadas e publicas, atinge também as autarquias, ONGs , fundações, sindicatos, clubes e mesmo os mais variados movimentos organizados que estão segmentados em torno da sociedade como: entidades religiosas, místicas, culturais, artesanais, ligadas a culinária, internet , dentre outras de variadas natureza. De modo a abranger uma grande gama de atores do desenvolvimento. Que inevitavelmente nos leva até nos mesmos – cidadão da nova era digital.
Enquanto alguns caminham na velocidade das informações carregadas por vias de fibra óptica, boa parte da humanidade ainda trilha pelos empoeirados discos de vinil. A lenta absorção do nosso papel enquanto agentes do desenvolvimento é refletido em partes pelas organizações das quais integramos seja como colaborador, empregador, fornecedor, sócio, participante, consultor, funcionário, fundador , consumidor, etc. O desenvolvimento engloba principalmente as dimensões: econômicas, sociais, ambientais e tecnológicas - que apesar de tratada de modo individual estão intrinsecamente conectadas.
Se estratificarmos as organizações por setores sejam elas do ramo: privado, público e social podemos rapidamente traçar um panorama:
Na esfera das organizações privadas, ainda há um longo caminho a se percorrer . Mas também é verdade que alguns passos já vêm sendo galgados como por exemplo através de políticas ambientais em volta dos processos de produção industrial; à promoção de ações assistenciais a favor da educação e meio ambiente; ações de inclusão digital ; a valoração do colaborador interno e da comunidade com adição de políticas organizacionais vinculadas a saúde e qualidade de vida desses atores; fatores relacionados a inovação e ao fomento de novas tecnologias. Porém a baixa integração dentre as políticas focadas ao desenvolvimento dentro de cada organização somado ainda baixa adesão de empresas privadas são fatores críticos para o desenvolvimento.
Na esfera das entidades públicas, podemos dizer que o cenário não é muito diferente. Porém é possível enxergar avanços. Alguns programas de assistência foram criados e desenvolvidos ao longo da última década. Sem adentrar as questões políticas pertinentes, foi possível identificar melhorias, mesmo essas sendo um tanto distante do que venha a ser ideal. Grandes déficits são notórios nas áreas: da educação, saúde, segurança, infra-estrutura, esportes, cultura e tecnologia – um desafio que surge como uma oportunidade e tanto para uma gestão que se convirja ao desenvolvimento.
Nas organizações sociais existem vários exemplos conhecidos e outros inúmeros que são anônimos. Os resultados ainda tímidos dessas ações são frutos de um distanciamento entre os elos que compõe a intersecção do ciclo desenvolvimentista que perpassam pela esfera privada, pública e a sociedade. Outro ponto pungente é a formação de grupos de interesses particulares que são gargalos ao processo de forma ampla.
Uma grande oportunidade se desvela diante desse cenário, cujo desafio é restaurar os elos entre as organizações e seus agentes. Recordo Drummond “O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas ” na ânsia de breve estarmos com uma gestão alinhada e de mãos dadas com o desenvolvimento, espero que logo a poesia possa se converter em realidade.